Cristãos afegãos têm se escondido para fugir da opressão do regime Talibã, que retornou ao poder após a debandada das Forças Armadas dos Estados Unidos, determinada pelo presidente Joe Biden.
A Aliança Evangélica Mundial (WEA) participou da 49ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e denunciou a perseguição enfrentada pelos cristãos afegãos após a reviravolta no país.
A WEA representa 600 milhões de cristãos em todo o mundo trabalha há muito tempo na questão da liberdade religiosa para os fiéis onde o cristianismo é minoria. Na ONU, a WEA alertou – em uma declaração conjunta com a Aliança Batista Mundial e a Campanha do Jubileu – que “as minorias religiosas no Afeganistão estão ameaçadas”.
“Milhares de afegãos que abraçaram a fé cristã estão se escondendo com medo desde agosto do ano passado”, detalhou o comunicado, de acordo com informações do portal Evangelical Focus.
Foi feito um pedido ao Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos que “monitorasse de perto” a situação das minorias religiosas:
“Estamos ansiosos para trabalhar com o Relator Especial sobre a situação dos direitos humanos no Afeganistão. Recomendamos manter um forte pilar de direitos humanos da Missão de Assistência das Nações Unidas para apoiar o Relator Especial no monitoramento contínuo dos direitos humanos, especificamente dos direitos das mulheres e das minorias”.
Markus Hofer, representante da WEA, também colocou o foco em “milhares de afegãos que evacuados [para escapar do Talibã] estão retidos nos Emirados Árabes Unidos e no Catar”.
“Apelamos aos governos para que agilizem o processo de reassentamento e que outros governos concordem em receber refugiados para reassentamento”, acrescentou.
Uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas permite o fornecimento de ajuda humanitária, mas “as isenções não são efetivas [e] a falta de liquidez limita a capacidade das igrejas e organizações humanitárias de chegar às pessoas necessitadas”, conclui o comunicado.
Ásia
Na mesma sessão, a WEA também abordou a opressão causada por leis em países asiáticos que violam o direito humano à liberdade religiosa, como Nepal, Índia, Mianmar, Butão e Sri Lanka.
“No Nepal, em novembro de 2021, um pastor evangélico foi condenado a dois anos de prisão por violar a lei anticonversão do Nepal”, disse Markus Hofer ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
“Na Índia , mais estados adotaram e planejam adotar legislação anticonversão. Mianmar e Butão também regulam severamente a conversão religiosa, e há apelos no Sri Lanka para promulgar tais leis”, protestou Hofer.
Ele denunciou que “os governos usam essas leis para perseguir as minorias religiosas”, o que viola liberdades e serve “de pretexto para a violência das turbas”.
“Apelamos ao Alto Comissário para incluir a promulgação e uso indevido de leis anticonversão, além de leis de apostasia e blasfêmia, em futuras atualizações deste estimado Conselho”, reiterou Hofer.
Em relação ao Sri Lanka, a Aliança Evangélica Mundial cobrou que o governo local desista de exigir qualquer forma de registro de locais de culto e investigue os casos das vítimas dos atentados do domingo de Páscoa de 2019, que mataram 270 pessoas.