A identificação religiosa é algo que permeia a história humana há séculos, sendo o cristianismo uma delas. Mas, nas últimas décadas, o número de pessoas que se declara “sem religião” tem aumentado bastante, chegando a superar o de católicos e evangélicos entre os jovens, segundo levantamento do Datafolha.
Os dados foram a presentados pelo instituto Datafolha, com base em levantamento realizado durante a campanha eleitoral desse ano. De acordo com a pesquisa, os que se declaram “sem religião” superam o número de católicos e evangélicos entre a população de 16 a 24 anos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Os sem religião identificados em São Paulo chegam a 30%, ultrapassando evangélicos (27%), católicos (24%) e outras religiões (19%). Já no Rio, os que não se identificam com nenhum sistema religioso, na mesma faixa etária, chegam a 34%, também acima de evangélicos (32%), católicos (17%) e demais religiões (17%).
Em nível nacional, o percentual dos sem religião na mesma faixa etária chega a 25%. Considerando o público em geral (todas as idades), 49% dos entrevistados se dizem católicos, 26% evangélicos e 14% sem religião.
Não oficial
Os números do Datafolha, no entanto, não são oficiais. Isso, porque, o órgão responsável por fazer esse tipo de levantamento oficialmente é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
Ocorre que, devido à pandemia do novo coronavírus em 2020, o censo que deveria ter sido realizado naquele ano foi adiado, ficando para o atual (2022). Como os dados oficiais ainda não estão disponíveis, então pesquisas realizadas no âmbito eleitoral têm sido utilizadas como vislumbre do cenário estatístico nacional.
Quanto aos jovens que se declaram sem religião, Silvia Fernandes, cientista social e professora da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), explica que não necessariamente isso diz respeito à falta de crenças.
“A maior parcela dos sem religião tem a ver com uma desinstitucionalização, o que quer dizer que o sujeito está afastado das instituições religiosas, mas ele pode ter uma visão de mundo e até mesmo práticas pessoais informadas por crenças religiosas”, explicou a docente, segundo a BBC.
“Então esse sujeito é sem religião porque não está vinculado a uma igreja, porque não frequenta, mas pode ter crenças relacionadas a alguma religião que já teve ou ter uma dimensão mais pluralista da religiosidade”, conclui a professora.