A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores, afirmou durante o “1° Encontro Nacional de Evangélicos do PT” que a ideologia da legenda é baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo.
O PT vem fazendo um movimento de aproximação do público evangélico como parte da estratégia para reverter o quadro que levou o partido às acachapantes derrotas nas eleições presidenciais de 2018 e municipais de 2016.
Parte dessa estratégia é mobilizar os militantes que professam a fé evangélica, assim como líderes e pastores que sejam simpáticos ao partido, para recuperar a credibilidade.
O afastamento dos evangélicos que simpatizavam com o partido se deu ao longo dos últimos anos, devido à postura mais agressiva adotada no governo Dilma Rousseff (PT), quando políticas de extrema esquerda foram sinalizadas pela então presidente, como a proposta de legalização do aborto, adoção da ideologia de gênero nas escolas, entre outros pontos.
Durante a última campanha eleitoral, o plano de governo proposto pelo PT mantinha essas propostas, além de sinalizar com a possibilidade de legalização das drogas. Além disso, falava na criação de uma nova constituição e a transformação do Poder Legislativo – hoje dividido entre Câmara e Senado – em “unicameral”, semelhante ao que foi feito na Venezuela anos atrás e facilitou a perpetuação do chavismo no poder.
“Aqui é um encontro do povo de Deus, de quem segue a filosofia cristã. O PT foi formado e forjado na luta pelo povo mais pobre e mais sofrido. A luta do PT traz ensinamentos de Jesus, que sempre foi a nossa referência”, declarou a presidente do partido ao final do evento, realizado em São Paulo nos dias 05 e 06 de abril.
O grupo de evangélicos militantes do PT divulgou uma carta aberta pedindo a libertação do ex-presidente Lula, afirmando que sua prisão após condenação por corrupção e lavagem de dinheiro se deu de forma “injusta e sem provas”.
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Na carta, os militantes pedem que os fiéis simpáticos ao PT organizem “Comitês Lula Livre por todos os cantos de sua atuação, reunindo irmãs e irmãos e atuando em coletivos, associações, sindicatos, universidades, diretórios municipais, estaduais e distrital do nosso partido”.
Essa movimentação foi antecipada por Fernando Haddad (PT) em outubro do ano passado, numa entrevista em que falou sobre a derrota nas eleições.“Há estudos mostrando que, se eu tivesse no mundo evangélico o mesmo percentual de votos que tive no mundo não evangélico, eu teria ganho a eleição”, avaliou.
Embora tenha outra abordagem, ela se assemelha em objetivo à iniciativa malfadada do ex-ministro Gilberto Carvalho, que afirmou em 2012 que o partido deveria disputar com a igreja evangélica a influência de pensamento sobre a classe C, criando uma agenda de relativização de costumes e valores.
A postura do governo Dilma contra os evangélicos era tão agressiva que o então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (marido de Gleisi Hoffmann) estudou proibir a veiculação de programas religiosos nas emissoras de rádio e TV, mas depois de uma pressão avassaladora da bancada evangélica, os planos foram deixados de lado.