Alexandre Canhoni, ex-paquito da apresentadora Xuxa, atualmente é missionário no Níger e desenvolve um projeto social que cuida de crianças carentes. Recentemente, ele voltou a ocupar as manchetes no Brasil por conta de um atentado de intolerância religiosa de extremistas muçulmanos contra a sede da ONG em que trabalha, que também é sua residência.
Localizado na África, o Níger é um dos países mais pobres do mundo, e o missionário e sua esposa, Giovana, vivem lá há 14 anos, onde adotaram 17 crianças. A vida em uma realidade muito diferente da que viveu no Brasil na década de 1990 fez Alexandre repensar muitas atitudes tomadas no passado.
“Me arrependo de muitas coisas, principalmente da maneira como eu via o público, que para mim era só um número. Eu era interesseiro, não considerava as pessoas”, diz o hoje missionário sobre a época em que era vocalista da banda que Xuxa mantinha no extinto Xou da Xuxa.
Numa entrevista concedida ao jornalista Bruno Astuto, da revista Época, Alexandre Canhoni conta que sua decisão de ajudar as crianças carentes foi influenciada pela realidade com que teve contato ao chegar à África: “Em 2001, eu tinha o desejo de conhecer o país mais pobre do mundo e tive a oportunidade de fazer uma viagem para conhecer o Níger. Desde então, a minha motivação foi ajudar as crianças que conheci aqui”, revelou.
Questionado se tem arrependimento da fase em que usava drogas e se prostituía, o missionário não titubeia: “Claro que sim. Com certeza, me arrependo, e muito. Não é uma fase de que eu tenha orgulho. Como disse, me arrependo de muitas coisas”.
A mudança de vida, segundo Alexandre, foi uma consequência desse arrependimento: “Ser ou não pastor não faz de alguém mais ou menos pecador. Pequei muito em toda a minha vida, mas quando me encontrei houve uma transformação, que me fez entender sobre o pecado, arrependimento e transformação. Não posso dizer que não peco, porque muitas vezes faço aquilo que não queria fazer, mais não amo mais o pecado e o pecado não domina mais a minha vida”, pontuou.
Sobre as crianças adotadas, o missionário diz que se dedica ao máximo para ser um bom pai: “Para os 17 tento fazer o meu melhor. Dou conselhos, casa, comida, escola, e tudo que tiver ao meu alcance para ensiná-los a serem homens respeitáveis e terem um futuro digno. Mas meus filhos não são só esses 17. Na verdade, considero muito mais do que estes, porém não tenho condições de ter uma casa para todos que considero. Tento ajudar mesmo aos que não tenho a guarda”, contou Alexandre.
Sobre o projeto social, o missionário explica que são várias ações diferentes, sempre voltada para a formação de cidadãos: “Atualmente, temos quatro creches para crianças necessitadas (totalmente gratuitas, com cerca de quase 200 crianças atendidas pelas creches); além de 12 projetos de nutrição, futebol, apadrinhamento de crianças, e formação para mulheres. Recentemente, houve uma onda de violência, vandalismo e roubo, que destruiu nossos projetos e a minha casa. Não imaginávamos jamais que isso poderia acontecer. Destruíram e roubaram tudo que puderam roubar, e queimaram o restante. Até alimentos foram queimados. Algumas mulheres que vivem em ocas em frente ao projeto chegaram a desmaiar de desespero, e muitas pessoas disseram que a raiva deles era tamanha… O extremismo [religioso] destrói o ser humano”, concluiu.