De cabelo raspado, barba por fazer e aparência abatida, o pastor Felipe Heiderich se manifestou a respeito das acusações feitas contra ele por sua ex-mulher, Bianca Toledo, e negou ter praticado pedofilia contra o enteado ou que seja homossexual.
“Eu sei que muitos de vocês estão esperando um pronunciamento meu já há alguns dias. Eu quero dizer que eu precisava me recuperar um pouco”, afirmou, com um sorriso nervoso. “Eu sempre achei que todo mundo era inocente até que se provasse o contrário, mas o que eu vivi nesses últimos dias, semanas, é que todos são culpados até que se prove o contrário”, acrescentou.
Felipe Heiderich alegou que toda a situação aconteceu de forma repentina para ele, com as acusações sendo feitas de forma contundentes por Bianca e sem oportunidade para o diálogo: “Assim como vocês, eu fiquei em choque com tudo que foi dito ao meu respeito, e todas as acusações. Até dia 12/06 eu estava em família, feliz, ministrando na igreja, com uma criança que eu amei – uma criança que eu mais amei nessa vida -, que eu ajudei a criar com a minha esposa. E no dia 14, eu sou comunicado por ela de que ela tinha descoberto que eu era homossexual e pedófilo. Ela pegou, saiu de casa com meu filho, e ali começaram os piores dias da minha vida”, narrou o pastor.
O vídeo gravado por Felipe inclui sua narrativa dos fatos nos dias em que foi internado, prestou depoimento e esteve preso de forma preventiva por ordem da Justiça, além de um pedido de desculpas por conta do escândalo causado ao Evangelho.
Dizendo-se despreparado para reagir à situação, ele também deu sua versão a respeito da informação de que teria tentado o suicídio.
Acompanhe abaixo os principais pontos da declaração de Felipe Heiderich.
Suicídio
“Eu fui fraco. Eu não soube lidar com essa situação. Eu não sei quem em sã consciência saberia lidar com essa situação, primeiro pelo choque de achar que a criança que você ama estava sendo abusada por alguém – isso para mim só já seria suficiente para… não sei como reagir; e segundo, essa pessoa ser você. Eu chorei muito nesse dia. Eu li a Bíblia, e eu peguei dois vidros de Rivotril, um estava completamente vazio e o outro estava pela metade, e eu virei esse que estava pela metade, deixei um pouco ainda – não porque eu queria me matar, mas eu queria dormir, para achar que aquilo era algo da minha mente, um equívoco qualquer, porque eu lembro que virei para minha esposa e falei assim ‘você não vai me dar a opção da dúvida; você não vai querer ouvir que isso pode ser a maior das mentiras possíveis; pode ser um plano de satanás; vamos orar’. E eu falei ‘Deus, talvez seja o tempo necessário para ela ver que isso é uma grande confusão’. Só que quando os funcionários de casa chegaram, e me viram muito sonolento e viram os frascos do remédio, eles entenderam que eu tinha tentado o suicídio e me levaram para a UPA, ali perto do Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. E o laudo da UPA diz assim: ‘paciente trazido pelos Bombeiros – que foi o SAMU – após ingerir Rivoltril, sonolento, porém extremamente cooperativo’. Eu não sei uma das características que eu tenha tentado suicídio, eu não sei quem compra um frasco de veneno e toma dose mínima tentando se matar. Eu não entendo também porque aquele foi o primeiro baque, eu passei por baques piores depois disso e nunca pensei em me matar. Não faz sentido eu ter tentado suicídio e desistido do suicídio sendo que minha vida virou de pernas para o ar.
Eu fui acusado, julgado, maltratado, linchado e ninguém sequer me deu o benefício da dúvida. É por isso que eu quero pedir perdão à Igreja de Deus, porque talvez muitos na fé que me acompanham, acompanham o nosso ministério, tenham sido enfraquecidos. Mas entenda: me desculpa, essa nunca foi a intenção. Eu apenas não soube como lidar, eu só queria sumir. Deus não tem nada a ver com isso. Jesus Cristo é perfeito, amoroso, é perdão. E só o fato de achar que eu tenha sido uma vergonha para o Evangelho já causa uma dor insuportável no coração. E é um misto de dor, porque é um momento de fragilidade, de dor, de confusão, mas ainda é um momento que eu preciso ser forte para perdoar, porque eu não posso encontrar com o Deus do amor e do perdão se eu não perdoo. Não posso pregar o amor e o perdão se eu não consigo perdoar. É um momento de ser forte para ficar de pé e provar minha inocência, que já está praticamente estabelecida”.
Internação
“Quando eu estava lá na UPA, sendo atendido, eu pedi para ser encaminhado para um hospital que eu conhecia, um hospital na frente, hospital Vitória. E isso consta no laudo da UPA. E eu fui levado para uma clínica psiquiátrica contra a minha vontade. Eu fui dopado e tratado como louco por oito dias. O laudo da clínica diz que eu fui internado pela Bianca. Oito dias depois eu consegui ser resgatado pela minha mãe. Eu não sei se você já viu um manicômio, uma clínica psiquiátrica de perto. Nesse dia, eu não conseguia entender o que estava acontecendo e ninguém explicava nada. Foram oito dias de terror, sem atendimento, sem explicação, até que minha mãe descobriu onde eu estava e veio me resgatar”.
Divórcio
“A minha esposa levou um advogado na clínica e me ameaçou, pedindo anulação do casamento ou um divórcio consensual abrindo mão de tudo. Sabe o que eu disse? Eu disse que não iria assinar, e o advogado falou ‘você só tem a perder com isso’, e eu disse ‘não, eu só tenho a ganhar. E ele falou ‘porque?’, e eu disse ‘porque eu ganho tempo, e o tempo que eu tenho de orar a Deus e mostrar para ela que isso tudo é uma loucura, porque eu não consigo acreditar’. E tudo isso não faz sentido. Só quem caminhou comigo sabe quanto amor eu dediquei, só quem viu os nossos vídeos sabe como eu olhava [para ela], só quem convivia sabia como eu a admirava. Mas eu descobri que não era assim. Então, eu não pude voltar para casa, fiquei num apartamento e na sexta-feira seguinte eu descobri que havia um mandado de prisão contra mim, por pedofilia”.
Prisão
“A Justiça também não quis ouvir meu lado e decretou a minha prisão imediata. Lá na roça a gente aprende que quem não deve, não teme. Então, na segunda-feira de manhã cedo eu fui para a delegacia prestar depoimento e me colocar à disposição da Justiça. Dei a minha versão, expliquei tudo. Tenho muitos questionamentos, [assim] como vocês. Peguei meu computador, meu telefone, coloquei à disposição da Justiça, com todas as senhas. Falei ‘investiga a minha vida, porque se os membros da minha igreja nunca viram nada, nunca viram nenhum sinal, se as pessoas que viajam comigo, se as pessoas que convivem comigo nunca viram nada, então investiga’. E eu fui preso. Meu rosto rodou o mundo como um pedófilo. Eu fui acusado, julgado, sentenciado. Gritavam meu nome na rua. ‘Morre’. Sofri as penalidades da prisão. Mas como o Senhor foi com José, quando ele também foi preso – José do Egito – por tentativa de estupro – porque foi essa a acusação que o colocou na cadeia. A esposa de Potifar disse que ele tentou estuprá-la –, o Senhor deu graça a José na prisão, Ele deu a mim também. E no meu último dia na prisão – todos os dias foram feitos cultos lá – e no último dia eu fui aplaudido pelos presidiários e pelos policiais”.
Inocência
“Só existe um laudo oficial sobre o abuso do José [Vittorio, filho de Bianca Toledo]. Esse laudo diz que eu sou inocente. Se eu não acreditar que Deus, que conhece a verdade, não trará a verdade à tona, não me defenderá, não me protegerá, significa que tudo que eu sempre preguei foi em vão, não vale no momento de dor, no momento de crise. Esse não é o momento para eu acusar ninguém. É o momento para eu dizer para você: Jesus é muito mais do que os homens falam d’Ele. Ele é muito mais amor, muito mais graça, muito mais perdão, e ele também é Justiça”.
Pedido de perdão
“[Preciso] pedir perdão se sua fé se enfraqueceu por um escândalo, que mesmo sem querer, ou inocentemente, eu causei. [Quero] pedir que você ore por mim, que se você puder orar – mesmo que você não acredite em mim – faça apenas uma oração: ‘Deus, traz a verdade à tona’. Porque existe apenas uma verdade: a minha verdade, ou a verdade de outra pessoa. Não faz sentido, se Deus não trouxer a verdade. E a nossa oração é que Ele traga a verdade. E mesmo sabendo que Deus não precisa de mim para que o nome d’Ele seja glorificado, comigo ou sem mim, aqui Ele vai provar a inocência, para que o nome d’Ele seja manifesto.
Meu advogado vai dar alguns pronunciamentos em meu nome. Obrigado pelos pastores do Brasil, pelos líderes, que mandaram mensagem dizendo ‘estamos orando por você porque conhecemos você’. Obrigado pela minha família, espalhada pelo Brasil, e até em alguns lugares fora. Minha família nunca foi um exemplo de unidade, mas pela primeira vez eu estou vendo minha família unida, orando por mim. Obrigado. Desculpa pela dor que vocês têm passado, pelas críticas que vocês têm recebido por terem o mesmo sobrenome que o meu. Eu só quero dizer que em breve a verdade virá à tona. Eu sei que talvez a repercussão da verdade não seja tão forte como a repercussão do fato, e que cicatrizes permanecem, mas cicatrizes deixam de doer. Elas apenas ficam ali para lembrar o que você sofreu, o que você passou e a libertação que você ganhou. Que vivamos uma Justiça… justa. Que aprendamos a ouvir os dois lados. Que seja uma lição para nossa vida. E que Deus te abençoe muito”.
Confiança
“De alguém que, diante de Deus, pode dizer que este pecado não está nas minhas mãos, e nem essa iniquidade nos meus lábios. De alguém que sabe que é inocente, mas que nesse momento, confia primeiro em Deus para que Ele traga luz, no momento que Ele desejar, da forma que Ele desejar a manifestação da Justiça”.