O ex-presidente Lula (PT) segue fazendo pré-campanha eleitoral visando a disputa pelo Palácio do Planalto em 2022 e no último sábado, 27 de novembro, pediu que seu partido crie um “momento evangélico” em suas mídias.
O encontro virtual foi comandado pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que alega ser evangélica, e contou com a presença do ex-presidiário e também de religiosos simpatizantes com a ideologia de esquerda.
Durante a reunião, Lula pediu que o PT crie um “momento evangélico” nas emissoras de rádio e TV do partido, para que militantes possam se manifestar.
“A gente deveria criar na televisão do PT, na rádio do PT, o momento evangélico, o momento da nossa rádio e na nossa televisão em que a gente pudesse ter vocês (fiéis) falando. Não é escolher um pastor, um bispo. É vocês. Do jeito que vocês falaram. Com a tranquilidade que vocês falaram. Com a alma aberta, do jeito que vocês falaram, que interessa pra gente colocar nas nossas redes para as pessoas perceberem efetivamente o que é a religião evangélica no nosso país”, declarou Lula.
Sem negar que precisa do voto dos evangélicos para derrotar o presidente Jair Bolsonaro, Lula afirmou que as pesquisas de intenção de voto mostram que ele tem grande aceitação no meio. Essas pesquisas, feitas nas mesmas metodologias e pelos mesmos institutos, diziam que Bolsonaro perderia para qualquer candidato no segundo turno de 2018.
“Nunca acreditei nessa história de que o evangélicos iam votar em não sei aonde. Eu acho que os evangélicos votam naqueles que tiverem capacidade de convencer eles. Naqueles que fizerem seus argumentos chegarem até eles. Lamentavelmente, a gente teve em 2018 uma campanha com fake news, com muita mentira. Coisa que a gente não estava tão acostumado. E nós aprendemos. Eu acompanho pesquisa todo dia e eu não vejo o Bolsonaro ganhar de mim no meio dos evangélicos. Eu não vejo”, alegou.
Por fim, o ex-presidente afirmou que no próximo ano pretende mostrar “a qualidade do nosso discurso para o povo religioso, de todas as religiões”, segundo informações do portal O Tempo.
Lula não convence
O ex-presidente vem, desde sua soltura pelo STF, tentando criar laços de aproximação com evangélicos, visando as eleições presidenciais, mas não nega que sua intenção é “convencer”, ao invés de compreender o modo de pensar cristão.
Essa estratégia se tornou evidente quando, em janeiro de 2020, o PT divulgou uma carta com sua pretensão de ensinar “modos de leitura e de interpretação da Bíblia” aos evangélicos.
No mesmo mês, Lula concedeu uma entrevista aos jornalistas simpatizantes da esquerda Juca Kfouri, Talita Galli, e José Trajano, e afirmou que seu plano era “discutir religião nesse país”, e ameaçou: “Eu quero entrar nessa. Eu tenho até um jeitão de ser pastor, tenho um jeitão, tô de cabelo branco… Eu posso ser pastor ou pode ser padre, é só a Igreja [Católica] acabar com o celibato que eu topo”.
Em 2021, Lula visitou o bispo Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus Ministério Belém, acompanhado da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), em mais uma tentativa de aproximação com lideranças evangélicas.
O encontro vazou para a imprensa através do ex-governador fluminense Anthony Garotinho, e causou enorme reação de outras lideranças, como por exemplo, o pastor Silas Malafaia.