A polícia invadiu a casa de um líder de mocidade associado à Early Rain Covenant Church (ERCC), fortemente perseguida, enquanto ele estava organizando uma reunião para jovens e o deteve para interrogatório.
A Early Rain Covenant Church (“igreja do pacto da chuva temporã”, em tradução livre) é uma das igrejas que não acatou a ingerência do Partido Comunista Chinês (PCCh) e passou a ser perseguida.
O líder de mocidade de uma das congregações da ERCC foi identificado como Xiao Luobiao. Ele foi levado para uma delegacia de polícia para interrogatório na manhã da última quinta-feira, 12 de maio, e liberado cerca de quatro horas depois.
“Graças a Deus! Já saí em segurança. Desta vez foi mais leve do que nos momentos anteriores [de prisão], dei uma declaração e saí por volta das 14h sozinho”, disse o líder da mocidade da igreja doméstica, segundo relato obtido pela entidade International Christian Concern (ICC), que monitora a situação dos cristãos perseguidos.
Em outubro passado, Xiao foi levado pela Delegacia de Polícia sob acusação de “proselitismo ilegal”. De acordo com informações do portal The Christian Post, ele tem sido esporadicamente assediado pelas autoridades desde que a repressão à ERCC começou em 9 de dezembro de 2018.
Um membro da ERCC chamada Ren Ruiting contextualizou como vivenciou a repressão do governo comunista da China contra a igreja: “Comecei a receber mensagens de que a Polícia estava prendendo nossos líderes da igreja e tirando membros de suas casas”, lembrou ela.
“Ouvi dizer que nosso pastor, Wang Yi, e sua esposa foram detidos e comecei a ficar preocupada. Eu estava conversando com minha amiga e de repente ela ficou em silêncio. Foi uma coisa horrível. Em um momento alguém estava falando com você, e então eles desapareciam. Você não sabe para onde eles foram, porque eles são levados pelo policial. E isso me fez sentir um pouco de medo”, admitiu.
Ren, que frequentou o seminário da igreja e sabia que a Polícia tinha seu nome, temia que ela fosse a próxima e por isso empreendeu fuga: “A noite estava muito, muito fria. Peguei uma garrafa de água, algumas roupas e algum dinheiro, e viajei para a casa de uma amiga”.
Enquanto se escondia, ela tentou enviar uma mensagem de texto para sua família e amigos, mas descobriu que seu aplicativo WeChat não estava mais funcionando. A Polícia começou a ligar para ela, levando-a a remover o chip de seu telefone:
“Não conseguíamos mais nos conectar; tudo o que recebi foi uma mensagem dizendo que meu WeChat era ilegal. Eu não sabia o que tinha acontecido com meus amigos, e eles não sabiam o que tinha acontecido comigo. Todos nos sentíamos independentes e isolados. Não éramos um grande grupo, fomos levados uma pessoa de cada vez. Naquela época, eu senti muito medo”.
“Senti que deveria desaparecer e nunca deixar que me encontrassem porque, se me encontrarem, talvez me mandem para a prisão ou me agridam. Não sei. Só estou com medo”, resumiu a jovem cristã.