A morte de Eduardo Campos na manhã de ontem, 13 de agosto, mudou completamente o cenário das eleições desse ano à presidência da República. Marina Silva, sua vice, poderá ser oficializada pelo PSB como candidata e tomar votos dos demais candidatos.
A imprensa internacional, ao repercutir o acidente que vitimou Eduardo Campos, destacou que o cenário político agora está imprevisível, e é possível que as próximas pesquisas sobre a intenção de voto do eleitor mostrem um quadro impensável há dois dias.
Especula-se que setores do PSB não sejam favoráveis à indicação de Marina Silva, mas especialistas políticos apontam que esse é o caminho natural e óbvio. O próprio irmão de Eduardo Campos, Antônio, defendeu que ela seja a indicada: “Eduardo morreu lutando. Temos que colocar Marina para cima”, afirmou, segundo informações do jornal O Globo.
“No momento oportuno, vamos tomar essa decisão (de quem será o candidato). Estamos muito abalados, e agora que vamos começar a conversar. É um impacto muito grande. O Eduardo era um candidato competitivo, que representava a esperança para milhões e milhões de brasileiros”, ponderou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Marina forte
No meio evangélico há a expectativa de que Marina seja efetivada como a titular da chapa. O colunista do Gospel+, pesquisador Johnny Bernardo, acredita que se ela for a escolhida pelo PSB, pode representar séria ameaça a Dilma Rousseff (PT).
“Com sua imagem fortalecida pela última eleição ao Planalto, em 2010 – ano em que alcançou 20 milhões de eleitores e levou as eleições ao segundo turno -, Marina Silva imporia um novo ritmo, capaz até mesmo de colocar em risco à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Outro fato que pode pesar a seu favor será a comoção nacional”, avaliou.
Para Bernardo, até mesmo os votos que muitos evangélicos direcionariam ao pastor Everaldo Pereira (PSC) podem, em caso de oficialização da missionária assembleiana na disputa, mudar de lado: “Com Marina como candidata até mesmo votos quase certos ao pastor Everaldo poderão ser direcionados a ela. Mesmo não alcançando a presidência, pela primeira vez na história do Brasil duas mulheres poderão disputar a atenção dos eleitores em um segundo turno, em uma disputa extremamente apertada. Os próximos dez dias apontarão o caminho a ser tomado. Esperemos!”, resumiu.
O ex-reverendo presbiteriano Caio Fábio afirmou em seu programa de TV que a morte de Eduardo Campos pode fazer a sociedade brasileira despertar: “Eu creio em soberania para além do imediato. Eu creio em soberanias que precedem acidentes. Eu não sei o que vem por aí, mas pode ser que o Eduardo Campos seja mais útil às mudanças que o Brasil tem que receber morto do que vivo. Às vezes, um cenário como este muda um inconsciente coletivo de uma nação”, ponderou.
Lamentando a morte do candidato e a dor que familiares e amigos estão sentindo, Caio Fábio disse que “a tendência natural a essa sucessão seria a Marina”, e acrescentou um raciocínio muito semelhante ao do pesquisador Johnny Bernardo: “Não me admiraria se por causa da tragédia como adubo, ela, que já tinha simpatias anteriores somadas a tragédia do Eduardo – como fertilizante trágico da campanha – possa vir dar e criar um cenário totalmente novo de repente para essas eleições”.
“Que Deus tenha misericórdia deste país. Que Deus nos ilumine e o que quer que venha, venha nos fazer o bem porque fazer o mal, a gente já está experimentando muita coisa que nos faz mal”, finalizou Caio Fábio. Assista:
Pesquisas
Antes da oficialização da candidatura de Eduardo Campos como titular do PSB, o Instituto Datafolha realizou uma pesquisa em abril considerando a hipótese de Marina Silva ser a candidata do partido.
À época, o desempenho de Marina era superior ao de Eduardo e o de Aécio Neves (PSDB). Segundo os números divulgados pelo instituto em 07 de abril de 2014, Dilma Rousseff (PT) teria 39% das intenções de voto, contra 27% de Marina Silva e Aécio Neves 16%. Os brancos e nulos seriam 13%.
Antecipando-se à possível oficialização de Marina Silva como candidata à presidência após a morte de Eduardo Campos, o Datafolha registrou ainda ontem uma nova pesquisa na Justiça Eleitoral. O levantamento será feito entre hoje, 14 de agosto, e o próximo sábado, 16.
O resultado, que sai na segunda-feira, 18 de agosto, poderá ajudar o PSB a tomar as decisões sobre os rumos de sua campanha.