O Paquistão é reconhecido oficialmente como “República Islâmica do Paquistão”, devido ao seu governo ter como religião oficial o islamismo. Localizado no Sul da Ásia, o país ocupa a 5ª posição mundial na lista de perseguição aos cristãos publicada anualmente pela organização Portas Abertas, ficando atrás apenas de países como a Coreia do Norte (1ª), Afeganistão (2º), Somália (3ª) e Sudão (4ª).
Não por acaso, relatos de atrocidades contra os cristãos que vivem no Paquistão são frequentes. Um deles é o de uma adolescente chamada Kainat Masih, de 17 anos, morta de forma brutal em 6 de maio por uma família de muçulmanos, para os quais ela trabalhava desde criança, em Gujranwala, província de Punjab
Entenda o contexto
A comunidade de cristãos no Paquistão é considerada de “terceira classe”. Devido à discriminação, os cristãos no país não possuem acesso fácil à educação e consequentemente aos melhores empregos. A consequência disso é que, sem alternativas, muitas mulheres são obrigadas a viver como empregadas domésticas nas casas de famílias muçulmanas.
“Eles [os cristãos] são um pedaço da demografia que compõe o Paquistão, como uma minoria. E assim, muitas vezes sentem que não há nada para eles na sociedade ”, explica Bruce Allen, da Mission Network News. “Eles são discriminados em termos de educação e, portanto, em termos de emprego. Então, às vezes, ter um emprego como ajudante doméstico, empregada doméstica, é tudo o que eles podem pensar em conseguir na vida”.
O problema é que exatamente por serem cristãs, elas são tratadas como escravas, trabalhando para essas famílias 24 horas, os 7 dias da semana. Agressões, espantamento e abuso sexual são frequentes e não são tratados com seriedade pelas autoridades. Kainat Masih é um exemplo entre centenas, que ainda criança precisou trabalhar para ajudar a sua família.
“Alguns dos dados mais recentes que pude encontrar foram do final de 2016, início de 2017… mais de 12,5 milhões de crianças no Paquistão estão envolvidas em trabalho infantil. E se olharmos apenas para o número de crianças com menos de 10 anos, são 6 milhões ”, lembra Allen.
Estrangulada e estuprada por muçulmanos
Em 6 de maio o pai de Kainat resolveu visitar o local de trabalho da filha, algo bastante incomum. Quando chegou no local, viu que sua filha estava sendo estrangulada por seu empregador, sua esposa, dois outros homens e uma mulher. Apesar de implorar pela vida da filha, ele não foi atendido e ela foi assassinada friamente.
O assassino, Asif Ismail, é filho de um líder do partido político local, Ismail Gujjar. Por essa razão, apesar de o caso estar sob investigação, a família de Kainat acredita que não haverá resultado favorável para eles.
O pai de Kainat descobriu que antes de ser morta, sua filha também foi estuprada pelos três homens que a mataram, o que leva a crer que durante todos esses anos ela vinha sendo violentada pelos homens da família. Para Allen, o que aconteceu com essa adolescente é apenas “a ponta do iceberg no que diz respeito à situação da juventude cristã no Paquistão”, disse ele.