A perseguição religiosa aos cristãos, em muitos casos, ocorre de modo sistêmico. Isto é, através de mecanismos burocráticos, como através de restrições administrativas impostas pelo Estado. Este é o caso de Ruanda, um país onde quase 10.000 igrejas foram fechadas em um espaço de meses.
Esse foi o número de igrejas cristãs fechadas desde julho desse ano, segundo dados da Religion News Service. As alegações do governo são o suposto não cumprimento de medidas sancionadas pelo Estado em 2018.
São exigências como o isolamento acústico dos templos, pavimentação do acesso aos locais de culto e apresentação de diploma teológico por parte dos pastores. Os líderes religiosos locais, contudo, questionam a viabilidade dessas medidas devido à realidade local, que é de pobreza em sua maioria.
Muitos líderes de congregações, por exemplo, nas zonas rurais, não têm condições de deixar suas comunidades para obter um estudo formal, o que termina servindo de justificativa para o governo fechar suas igrejas.
“Quase todos os pastores com quem falei estão profundamente preocupados. Um pastor teve seu prédio convertido em mesquita”, disse o Dr. Stephen Isaac, vice-presidente de Assuntos Acadêmicos do Instituto Bíblico Totalmente Equipado.
A organização Portas Abertas também reconhece a perseguição religiosa às igrejas cristãs, em Ruanda, como algo essencialmente estatal.
“A legislação aprovada nos últimos anos sobrecarregou as organizações religiosas com complexidades burocráticas, o que resultou no fechamento em massa de igrejas e criou um ambiente em que os líderes religiosos são examinados com base em suas qualificações educacionais”, diz a organização.
Esforço
Para tentar evitar mais fechamentos de igrejas, o Instituto Bíblico Totalmente Equipado, com sede nos Estados Unidos, tem oferecido a oportunidade dos pastores de Ruanda cursarem teologia à distância, para que assim obtenham o diploma de bacharel.
“Estamos tentando evitar mais fechamentos, mas a situação é crítica”, conclui a Dra. Victoria Isaac, presidente da instituição.