O pastor evangélico Sérgio Galvão, da Igreja de Deus Pentecostal do Brasil, foi preso recentemente depois de ser acusado de abusar sexualmente de seis crianças entre sete e 11 anos de idade. Segundo o Ministério Público, quatro mães denunciam o pastor evangélico por ter abusado sexualmente das filhas delas, em Ariquemes (RO).
Apesar das graves acusações, o pastor conseguiu liberdade provisória depois de passar 14 dias preso.
Uma técnica em enfermagem, que prefere não ter o nome divulgado, é mãe de uma das vítimas, e revelou ao G1 que o primeiro caso foi descoberto no fim de agosto, quando uma criança de 10 anos revelou abusos sexuais por parte do pastor. Ela conta que frequentava a igreja há quatro anos e que o pastor também abusou sexualmente de suas duas filhas, uma de oito e outra de 10 anos, portadora de síndrome de down.
– Minha filha chorava muito, até que contou que o pastor a beijou na boca com língua e passou a mão nos peitos, bumbum, pernas e vagina. E, ainda disse a ela que não podia contar a ninguém, pois aquilo era um segredo deles – relatou, contando como sua filha de 8 anos contou que o pastor a teria molestado.
Ela conta ainda que entrou em contato com a esposa do pastor, que levantou a possibilidade da criança estar mentindo, mas que depois uma comissão da igreja se reuniu para falar sobre o assunto.
– Eles começaram a conversar conosco e disseram que tínhamos que perdoá-lo [pastor Sergio]. Depois ele [o pastor] chegou e confessou que havia beijado a menina e passado a mão no corpo dela e disse que este era o lado podre do evangelho – lembra.
– Saímos da reunião direto para delegacia para registrar ocorrência. Até então eu nem imaginava que ele [pastor Sérgio] tinha feito isso com minha outra filha com síndrome de down. Mas levei as duas na Delegacia da Mulher e a psicopedagoga conversou com a menor, que revelou que o pastor também tinha passado a mão em seu corpo. É uma dor imensa, saber que a pessoa que se dizia nosso pastor, que pregava o evangelho fez uma coisa dessas. Ele confessou na igreja e hoje ele mente. Minha filha ficou traumatizada, ela chora o tempo todo – conta a mãe das crianças, afirmando que o pastor teria dito que iria se entregar à polícia, enquanto a esposa Raimunda chorava e pedia para ela não registrar boletim de ocorrência.
Depois da denúncia, outras mães de crianças que frequentam a igreja começaram a questionar suas filhas se o pastor havia feito alguma coisa com elas, e foram descobertos um total de seis casos de abuso.
– Depois de saber dos outros casos, perguntava para minha filha se ele [pastor Sérgio] tinha feito algo com ela, mas ela só chorava, até que um dia revelou que o pastor tinha passado a mão no peito dela e na genitália. Este pastor é um falso profeta, pois está usando o nome de Deus para fazer uma coisa dessas. Eu quero justiça e que ele volte para cadeia – disse a mãe de uma das outras crianças abusadas por Galvão.
A advogada Corina Fernandes Pereira, que defende o pastor, afirma que seu cliente é inocente e que uma das mães estaria manipulando as outras para culpá-lo.
– Temos registros de mensagens de celular, onde mães pedem desculpas à esposa do pastor Sergio, pelas declarações e diz que uma mãe estaria influenciando a situação – afirma a advogada, que alega também que os laudos físicos e psicológicos não concluíram abusos sexuais.
Preso dia 31 de outubro, o pastor foi solto dia 14 de novembro. De acordo com o promotor de Justiça Elias Chaquian, da 2ª Promotoria de Justiça de Ariquemes, Sérgio Galvão está respondendo por estupro de vulnerável, conforme o artigo 217-A, e a pena pode ser de oito a 15 anos de reclusão.
Por Dan Martins, para o Gospel+