Apesar do presidente russo Vladimir Putin tentar fazer parecer que possui pleno respaldo político interno para atacar a Ucrânia, a realidade é bem diferente quando os relatos dos moradores e alguns setores, como o religioso, vêm à tona. Um exemplo disso é a carta escrita pelo pastor Vytaly Vlasenko.
Vlasenko é pastor de uma igreja batista em Moscou e o atual secretário-geral da Aliança Evangélica Russa. Para expressar a sua profunda tristeza pela guerra que está vitimando milhares de pessoas de ambos os lados, o líder religioso divulgou uma carta aberta para a comunidade europeia.
“Lamento o que meu país fez em sua recente invasão militar de outro país soberano, a Ucrânia”, diz o documento. “Para mim, como para muitos outros cristãos, a invasão militar foi um choque. Na pior das hipóteses, eu não poderia imaginar o que está sendo observado agora na Ucrânia”.
Na sequência, o pastor russo ressaltou o quanto a população russa e ucraniana são próximas, historicamente ligadas culturalmente e até familiarmente, motivo pelo qual muitos residem nos respectivos países.
Vlasenko disse ainda que chegou a escrever uma carta para Putin um dia antes do início da guerra em 24 de fevereiro passado, em conjunto com outras lideranças religiosas russas e ucranianas, pedindo para que a invasão não ocorresse.
“Na minha qualidade de secretário-geral da Aliança Evangélica Russa, escrevi uma carta aberta ao presidente Vladimir Putin no dia anterior à invasão, na qual apoiei o pedido dos líderes religiosos da Ucrânia para uma solução pacífica para todos os conflitos”, disse ele, segundo o Evangelical Focus.
O pastor frisou que a Aliança Evangélica Russa já acolheu centenas de refugiados ucranianos na fronteira com a Rússia e iniciou uma campanha de jejum e oração pelo fim da guerra. As palavras finais de Vlasenko, contudo, foram de tristeza.
“Peço desculpas a todos aqueles que sofreram, perderam entes queridos e parentes, ou perderam seu local de residência como resultado deste conflito militar. Minha oração é que você encontre a força do Senhor para estender sua mão de solidariedade e perdão, para que possamos viver como povo de Deus em nosso mundo”, concluiu o pastor.