A repercussão da agressão física contra uma menina candomblecista por parte de um grupo de pessoas que supostamente seriam evangélicos causou enorme comoção na comunidade religiosa do país.
A avó da menina agredida, Kátia Marinho, reafirmou que os agressores eram evangélicos e trouxe novos detalhes da confusão: “Eles estavam com a Bíblia na mão e chamavam todo mundo de ‘diabo’, dizendo que Jesus estava voltando. A gente nunca tinha vivido algo assim. É muito preconceito gratuito. Ela está com medo de usar a roupa branca na rua. Diz que vai continuar praticando [o candomblé], mas está com medo”, afirmou.
O representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR-RJ), babalaô Ivanir dos Santos, afirmou que o caso é uma amostra do que acontece diariamente: “Essas agressões são cotidianas em todo o país. Nós vamos identificar os agressores para que eles possam responder criminalmente. E faremos na sexta-feira, na Vila da Penha, um ato de repúdio a esta violência contra uma criança”, disse ao jornal O Globo.
“Essa pedra atingiu mais do que nós, membros do candomblé, ela atingiu o silêncio dos líderes evangélicos. É muito importante para a comunidade evangélica se posicionar neste momento, para que não fique parecendo que uma minoria representa o todo”, disse Santos, cobrando um posicionamento.
A resposta exigida veio de diversos lados. No Twitter, o pastor Silas Malafaia pediu a prisão dos agressores: “Não aceitamos, em hipótese nenhuma, a agressão a uma menina por um grupo dito evangélico. Só idiotas para fazerem isso. Os idiotas que fizeram isso não aprenderam em igreja evangélica. Só pode ser um grupo de loucos. Espero que sejam localizados e presos”, escreveu.
O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) condenou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ataque à menina: “Nunca antes ouvi falar de tal acontecimento partindo de evangélicos. Existem loucos em todos os lugares. Se forem [evangélicos], cadeia para eles. Religião não é escudo contra o crime”, afirmou, demonstrando perplexidade: “Meu Deus, que barbaridade. É uma discriminação. Não pode ter nenhum tipo de discriminação, principalmente religiosa. Loucura isso”.
Sérgio Mendes, representante da Associação Evangélica Beneficente, também repudiou a intolerância e a violência: “É lamentável o que aconteceu. Nós, evangélicos, pregamos pelo amor. O ensinamento de Cristo é amar ao próximo. É necessário ler, estudar e entender a religião para praticar esses ensinamentos. Quem fere uma criança não está seguindo os preceitos que Cristo ensinou”, pontuou.