O Vietnã, ou mais precisamente República Socialista do Vietnã, como é chamado oficialmente, é um dos cinco países do mundo junto com a China, a Coreia do Norte, Cuba e Laos, que possui apenas um partido, o Partido Comunista do Vietnã, e apenas um regime reconhecido pelo governo: o comunismo.
Não por acaso, visto que a ideologia comunista é por essência anticristã, cerca de 81% dos vietnamitas se declaram ateus ou sem religião, segundo um senso realizado em 2007 pelo Instituto de Estatísticas Gerais do Vietnã. Algumas religiões, assim como o próprio cristianismo, existem nesses países sob forte repressão ou mesmo regulação, onde líderes e igrejas são fiscalizados constantemente e não possuem plena liberdade de culto e, principalmente, de manifestação.
Um dos pastores que sentiu na pele as consequências de pregar o evangelho em um país dominado pelo totalitarismo foi Nguyen Cong Chinh, acusado em 2011 de ameaçar a estabilidade do regime ao pregar o evangelho no Planalto Central do Vietnã. Devido à sua fé e críticas ao Partido Comunista, Chinh foi condenado a 11 anos de prisão. Ele só foi liberado no ano passado, após entidades internacionais pressionarem o governo vietnamita.
Pastor conta relatos de tortura no país dominado pela ideologia comunista
Obrigado pelo governo a deixar o seu país natal, Chinh se mudou com sua família para os Estados Unidos. Foi lá que o pastor falou no 20º aniversário da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional, realizado semana passada. Uma das coisas que mais chamou atenção dos ouvintes foi a felicidade de Chinh ao ser torturado por amor a Jesus Cristo:
“Mesmo com o sofrimento físico e as dores, senti felicidade na alma. Foi um presente de Deus para mim. Foi como o que Jesus Cristo passou, o mesmo sofrimento que seus discípulos experimentaram, e agora estou passando pela mesma experiência. É assim que as Boas Novas saem”, disse ele.
“Nas prisões do Vietnã, os prisioneiros de consciência são tratados de maneira pior do que os criminosos comuns. Eles estão sujeitos a várias medidas, como confinamento solitário, água poluída, falta de comida, privação a cuidados médicos, acesso negado às famílias e são proibidos de fazer atividades com outros internos”, informou Chinh, segundo o Christian Today.
O pastor contou que além das agressões, muitos “prisioneiros de consciência”, como são chamados os presos por convicção religiosa ou política divergente do regime, morriam por envenenamento ou contaminação alimentar. Os torturadores colocavam chumbo, vidros em pedaço e moscas mortas nas refeições, na intenção de fazê-los adoecer.
“Os guardas batiam muito, a ponto de muitos dos prisioneiros de consciência ficarem doentes, feridos, incapacitados e alguns deles terem morrido. Eles usaram punhos e também cassetetes. Eles me bateram na cabeça, no peito, na perna e nos braços. Ainda tenho ferimentos, uma cicatriz na cabeça”, disse o pastor.
Atualmente Chinh e sua família compartilham suas experiências para fortalecer outros cristãos ao redor do mundo, além de revelar os horrores de um regime ideológico acusado de ter assassinado mais de 100 milhões de pessoas na história.