A Teoria do Design Inteligente se tornou um assunto debatido sob holofotes da mídia recentemente, quando a Wikipedia excluiu a página que descrevia a biografia e trabalhos de pesquisa do cientista alemão Günter Bechly. O conceito científico surgido nos anos 1980 defende que a vida não é obra do acaso, mas fruto de um projeto detalhado de uma mente inteligente.
Bechly é um paleo-entomologista especializado em história de fósseis e origem dos insetos, e se tornou um entusiasta da Teoria do Design Inteligente (TDI) por considerar que ela explica a origem da vida e do universo de forma mais assertiva que as teorias do Big Bang ou da Evolução.
“Muitas pessoas pensam que alguém que duvida do processo neodarwiniano e abraça o design inteligente provavelmente é religioso, um cristão evangélico, e quer provar que está certo”, afirmou Bechly a um documentário do Discovery Institute. “Eu trilhei um caminho totalmente diferente […] Venho de uma família totalmente secular, agnóstica. Não fui batizado, não tive nenhum tipo de educação religiosa, nunca fui à igreja, então posso dizer que era completamente não religioso”, descreveu o cientista.
Hoje cristão, seguidor do catolicismo, Bechly contou ao portal Christian News que foi atraído pela TDI ao assistir uma palestra de um biólogo na Royal Society em Londres, que criticava os “déficits explicativos” da teoria da evolução: “Depois desta conferência tive mais certeza do que nunca que a biologia evolutiva é um imperador que está nu, e a TDI é a melhor explicação para a complexidade e a diversidade biológica”, afirmou.
A conversão do cientista alemão ao Evangelho começou com sua rejeição às bandeiras comuns em sua área de atuação, como ateísmo, materialismo, naturalismo e o cientificismo. Dessa forma, se viu intelectualmente aberto à possibilidade de a criação ser obra da “mão de Deus”.
“Minha conversão foi baseada em uma avaliação crítica de dados empíricos e argumentos filosóficos, seguindo a evidência onde quer que ela levasse […] Eu sou cético quanto à teoria neodarwiniana da macro-evolução e sustento e apoio o Design Inteligente por razões puramente científicas”, escreveu certa vez em um artigo para seu blog pessoal.
Censura
Mesmo com um currículo considerável, com dezenas de artigos científicos publicados e a conclusão com menção honrosa de um PhD em geociências na Universidade de Tübingen, Alemanha, Günter Bechly foi acusado por usuários da Wikipedia de não possuir “notabilidade” suficiente para ter um perfil na plataforma, e sua página foi deletada.
Para David Klinghoffer, membro do Discovery Institute e amigo pessoal de Bechly, essa ação coordenada pode ser compreendida como uma forma de intimidação e boicote da parte de outros cientistas que não acatam as propostas da TDI.
“Temos uma vasta e bem documentada história de censuras e intimidação”, comentou Klinghoffer. Esse episódio é “algo grave e uma lembrança da dificuldade de se debater com isenção sobre a TDI”, acrescentou, pontuando que Bechly foi demitido de sua função de curador de um museu após declarar-se entusiasta da Teoria do Design Inteligente, em 2015.
Desafio a Darwin
Em 2014, Marcos Eberlin, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explicou de forma resumida porque a TDI tem se tornado um campo de estudo cada vez mais promissor e contestador da teoria da evolução.
“Conhecimentos científicos em bioquímica e biologia molecular cada vez mais apurados nos permitiram abrir a caixa preta chamada célula e enxergar nela um conjunto imenso de máquinas moleculares dotado de uma complexidade irredutível… Não dá para pensar num motor desse tipo produzido por forças naturais. Foi decisão de uma inteligência que existe no universo”, disse Eberlin à IstoÉ.
Essas características descobertas no estudo das células ao longo de décadas permite, segundo Eberlin, contrapor a Teoria da Evolução: “Não dá para pensar num motor desse tipo produzido por forças naturais. Foi decisão de uma inteligência que existe no universo”, diz o cientista, que junto a outros pesquisadores brasileiros fundou a Sociedade Brasileira do Design Inteligente (SBDI), entidade que reúne ex-defensores da teoria da evolução.