Quando falamos em perseguição religiosa é comum lembrar de países localizados no Oriente Médio ou na Ásia, frequentemente associados aos extremistas islâmicos, hindus e regimes políticos autoritários como é o comunismo, por exemplo, na Coreia do Norte, Vietnã e China. Entretanto, a perseguição religiosa também existe em países localizados no continente americano e um deles é o México.
Localizado na América do Norte, o México ocupa atualmente a posição número 39º da lista mundial de países onde a perseguição religiosa aos cristãos é mais frequente, publicada anualmente pela organização Portas Abertas, ficando apenas um degrau acima da Indonésia, país com o maior número de muçulmanos do planeta.
Diferente de outras regiões, no entanto, a perseguição aos cristãos no México também é promovida pelos carteis de drogas, além do fundamentalismo religioso praticado em regiões onde o catolicismo é uma tradição muito forte, ao ponto de não admitir a presença de evangélicos em suas comunidades.
Sob o governo do Presidente Enrique Peña Nieto já foram mortos 24 líderes cristãos, sendo 3 apenas em abril desse ano:
“Os cartéis estão muito bem organizados e podem seguir todos os nossos movimentos. Não se pode ir a lugar algum sem proteção”, explicou um Pastor a Portas Abertas, pedindo o anonimato por razões de segurança.
“Estamos falando de locais muito próximos à capital do país, o que significa que, o problema que costumava ser típico das cidades do norte, que fazem fronteira com os Estados Unidos, está se tornando um problema comum para todo o México”, disse ele, afirmando também que “a maioria dos casos não são relatados”.
Casos são ignorados e relatados como crimes comuns
Uma analista da Portas Abertas disse que a grande dificuldade no enfrentamento da perseguição aos evangélicos no México é porque às autoridades não tratam os casos como perseguição, mas como crimes comuns.
No caso dos carteis, os traficantes cobram tributos aos pastores. Por se recusarem compactuar com o crime organizado, eles os perseguem, ameaçam e assassinam os líderes mais destemidos:
“As medidas adotadas pelas autoridades para combater a violência são inadequadas, principalmente porque os incidentes não são reconhecidos como perseguição contra cristãos”, disse ela.
“Os ataques são geralmente considerados como consequências da violência do tráfico de drogas ou questões pessoais, mas não como crimes por motivos religiosos. Com uma perspectiva tão limitada, os cristãos e igrejas não podem esperar nenhuma proteção do estado”, conclui.