Os desenhos da Disney já foram motivo de polêmica entre conservadores e progressistas inúmeras vezes ao longo dos últimos anos, e as evidências de que a gigante do entretenimento tem catapultado a agenda LGBT torna a divergência ainda mais profunda. Agora, um novo desenho, Out, desponta como o novo centro de atritos.
A Pixar, estúdio de animação que integra o grupo Disney, produziu o filme Out para a plataforma de streaming Disney+, criada para concorrer com a Netflix e que deve chegar ao Brasil em novembro, com todo o catálogo das duas empresas, além dos materiais da National Geographic, Fox, LucasFilm e Marvel.
O novo desenho conta a história do primeiro personagem gay dos filmes da Pixar, Greg, que planeja se revelar aos pais antes de ir morar com seu companheiro, chamado Manuel. Na estória, ele troca de corpo com seu cachorro de estimação e consegue ouvir a opinião da família sobre sua sexualidade e seu companheiro.
“Segurando a coleira de Jim [o cachorro], Greg casualmente deseja em voz alta que ele seja um cachorro, e as mentes de Greg e Jim trocam magicamente os corpos. ‘Greg’ corre para brincar no quintal, onde seu pai rígido está acendendo a churrasqueira. ‘Jim’ tenta alcançá-lo, enquanto também tenta freneticamente impedir que sua mãe encontre a foto [dele e de Manuel]. ’Jim’ de repente percebe que [sua mãe] já não só sabe que ele é gay, mas ela também aceita”, diz a sinopse do desenho.
O portal The Christian Post informou que um trailer da animação mostra Greg ensaiando as palavras para contar aos pais que é gay, enquanto o cachorro corre pela casa escondendo evidências da homossexualidade de seu dono.
O filme, voltado para crianças, foi dirigido por Steven Clay Hunter, responsável pelos filmes sucesso de bilheteria Wall-e e Toy Story 2. O produtor do filme, Max Sachar, é conhecido por seu trabalho em Os Incríveis 2. Antes de Out, a Pixar já havia apresentado apoio à agenda LGBT no filme Onward, lançado em 2020.
A inserção de bandeiras LGBT ou personagens homossexuais nos filmes da Disney vem se intensificando: pela primeira vez em um filme da saga Star Wars uma cena mostrou um beijo gay no filme A Ascensão Skywalker. Antes, A Bela e a Fera já tinha representado um personagem gay.
Contudo, as bandeiras progressistas não se resumem à agenda LGBT, já que no filme Uma Dobra no Tempo, adaptado do livro homônimo lançado em 1962 com citações cristãs e bíblicas, omitiu essas referências.
Um dos principais líderes cristãos e conservadores dos Estados Unidos, o pastor Franklin Graham afirmou, já em 2017, estar decepcionado com os rumos que a Disney tomou, lembrando que, anos atrás, a empresa era conhecida do público como uma produtora de conteúdo que exaltava a importância da família.
“A Disney exibiu um desenho animado com casais gays se beijando”, lamentou, referindo-se a Star Vs. as Forças do Mal, que no Brasil virou alvo de campanha de boicote do pastor Silas Malafaia.
“Eles estão tentando forçar a introdução da agenda LGBT no coração de seus filhos. Cuidado!”, alertou o pastor, que é filho do saudoso evangelista Billy Graham. “A Disney tem o direito de fazer seus desenhos animados, é um país livre. Mas como cristãos, também temos o direito de não apoiar essa empresa. Espero que os cristãos em todo lugar digam não à Disney”, finalizou.