Ativistas LGBT profanaram uma estátua que representa o calvário de Jesus carregando sua cruz. O monumento, localizado na Basílica da Santa Cruz na cidade de Varsóvia, capital da Polônia, foi visitado pelo primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, que se referiu ao incidente como escandaloso.
O político conservador repudiou o desrespeito da militância LGBT contra um símbolo do catolicismo: “A condição básica de qualquer debate civilizado sobre tolerância é definir os limites dessa tolerância. Você pode justificar qualquer comportamento, mesmo o mais iconoclasta, lutando pela sua visão do mundo? O fim justifica os meios? Definitivamente não!”, afirmou o chefe de governo.
De acordo com informações do portal Poland In, o primeiro-ministro lembrou que a figura de Cristo de Krakowskie Przedmieście não é apenas um símbolo religioso, mas também uma testemunha da dramática história de Varsóvia: “A mesma Varsóvia que sofreu nas mãos de pessoas que não toleravam uma visão do mundo além da sua”, relembrou, fazendo referência ao comunismo.
“Cada lado da grande disputa ideológica de nossos tempos, que está crescendo em todo o mundo e cujos efeitos também são sentidos na Polônia, deve entender que existem certos limites ao nível de agressão que não podem ser excedidos. E não estamos falando apenas de agressão física, mas, acima de tudo, da mídia e da agressão verbal – na esfera da cultura, símbolos e ideologia, porque hoje esse tipo de agressão tem um impacto muito maior na sociedade”, pontuou.
Mateusz Morawiecki destacou que a população polonesa deseja “viver em um país tolerante que respeite diferentes pontos de vista” e esse postulado tem sem apoio: “Como primeiro-ministro do governo polaco, estarei sempre em guarda da liberdade de expressão e pensamento. Esses valores estavam e estão intrinsecamente ligados à Polônia”.
A Polônia é um dos países onde o movimento conservador tem maior força, e uma das premissas defendidas é que as pautas progressistas tendem a dividir a sociedade. Sobre isso, Mateusz Morawiecki se posicionou claramente: “Eu não vou permitir! Na Polônia, não cometeremos os erros do Ocidente. Todos nós vemos ao que a tolerância em relação à barbárie leva. Tolerância também significa reciprocidade. Sem respeitar os ideais da maioria, todas as minorias vencem apenas inimigos, em vez de ganharem simpatizantes”, teorizou.
‘Ultradireita’
Majoritariamente católica, a Polônia foi um dos países onde a repercussão negativa causada pelo filme A Primeira Tentação de Cristo, do Porta dos Fundos, teve maior ressonância. Por conta de um posicionamento do vice-premiê, que usou as redes sociais para pedir a remoção do Especial de Natal do catálogo da Netflix, parte da imprensa refere-se ao país como um epicentro da “ultradireita”.
Recentemente os poloneses reelegeram seu presidente, Andrzej Duda, que tem posicionamento contundente contra o progressismo. Durante sua campanha, ele afirmou que a militância LGBT promove um ponto de vista mais prejudicial que o comunismo e acrescentou que concorda com alas do movimento conservador no país que afirmam que “LGBT não é [sobre] gente, é uma ideologia”.