O decreto do governador de Pernambuco exigindo esquema vacinal completo para permitir que igrejas com capacidade para mais de 300 pessoas permitam a entrada de fiéis foi criticado pelo pastor Yago Martins.
O pastor cearense publicou um vídeo conceituando sua visão favorável às medidas temporárias de restrições para combater a pandemia, mas ressaltou que é preciso garantir que as medidas anormais sejam, de fato, provisórias.
“Um cuidado que a gente tem que ter é evitar que políticas sejam estabelecidas para além da normalidade. […] O passaporte sanitário como documento é transformar em normal o que é anormal”, declarou.
Em seguida, Yago Martins reconheceu que há medidas tomadas por governantes locais que extrapolaram o âmbito de combate à covid e ganharam contornos de perseguição religiosa:
“Algumas decisões baseadas nisso se tornam um pouco exageradas. Dois políticos no Brasil se tornaram muito vistosos dentro do ambiente religioso por causa de decisões que foram consideradas muito ruins dentro da pandemia, a partir das igrejas. Você tem o prefeito de Belo Horizonte e o governador de Pernambuco”, situou.
“Esses dois políticos ficaram muito polêmicos dentro de sites cristãos, das redes sociais de pastores, por que as decisões que foram tomadas por esses dois políticos, geralmente, não [olham] com muita inteligência o cenário religioso”, acrescentou.
Essas decisões parciais tomadas pelos mandatários Alexandre Kalil (PSD-MG) e Paulo Câmara (PSB-PE) foram tão agudas contra a liberdade religiosa que se tornou impossível para as lideranças religiosas de ambas as localidades não questiona-las.
“Não sei se por falta de uma boa assessoria […], seja por que nesses ambientes o lobby político dos religiosos seja menor, ou porque há, talvez, um coração que seja negativo com as coisas da fé. É muito possível que esses homens odeiem a Igreja, religiosos, sejam preconceituosos. Isso é completamente possível”, admitiu o pastor da Igreja Batista Maanaim.
“Tomaram muitas decisões ruins. […] Grandes aglomerações eram liberadas, mas a igreja era sempre a última coisa a ser liberada, sempre depois, sempre atrasado, sempre com regras muito mais rígidas do que as regras de outros ajuntamentos. Isso é falta de isonomia e pode ser enquadrado tranquilamente como perseguição religiosa”, contextualizou, ao falar da capital mineira.
Sobre o mandatário nordestino, Yago Martins destacou que o cenário é incomum: “Desde os primeiros períodos da pandemia, Pernambuco sempre teve algumas decisões meio estranhas sobre como permitir que igrejas façam algumas coisas. Por exemplo, houve períodos em que, em Pernambuco, sequer live na igreja era possível fazer. O pastor não podia se locomover até a igreja, com uma pequena equipe, para poder transmitir ao vivo um sermão”.
A medida mais recente, cobrando duas doses de vacina em um contexto que muitos cidadãos ainda não foram chamados pelo próprio governo para receber a segunda dose, é inaceitável, segundo o pastor.
“Isso é um problema sério. […] Cobrar agora que membros de igreja comprovem duas doses de vacina, ou que comprovem que não estão com covid através de um teste que é caro, é uma ingerência justa? Acredito que não. […] O problema é que o governo gosta de abocanhar o poder e tentar continuar com ele à medida que as coisas não se tornam mais necessárias”, resumiu.