As eleições deste ano têm mostrado a atenção dada pelos candidatos à presidência da República ao voto dos eleitores evangélicos, que somam mais de 22% da população do país.
Em 2010, a movimentação gerada pelos líderes religiosos levou a então candidata Dilma Rousseff (PT) a firmar um compromisso de não alterar leis que poderiam ofender princípios cristãos.
Quatro anos depois, os líderes com quem a petista se comprometeu a acusam de ter descumprido o acordo, e muitos deles – como Marco Feliciano (PSC-SP), Silas Malafaia e Magno Malta – falam abertamente contra o PT, e orientam fiéis a não votarem em nenhum candidato do partido.
Dilma atrás dos evangélicos
A candidata à reeleição ouviu a recomendação de seus aliados e criou um comitê de campanha para dialogar com lideranças evangélicas, e participou de um Congresso de Mulheres da Assembleia de Deus, além de ter ido à inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal.
Além de Dilma – que deverá ter o apoio do bispo Edir Macedo – outros políticos também compareceram à abertura do megatemplo. O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, foi ao evento como forma de garantir que sua imagem também fosse mostrada.
Aécio
Concorrendo com Dilma ao Planalto, o tucano Aécio Neves também visitou outra grande denominação evangélica. Há poucos dias esteve com o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção-Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), num encontro realizado na sede do Ministério do Belém, com aproximadamente 2 mil pastores.
O espaço cedido a Aécio foi articulado pelo seu candidato a vice, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que tem como segunda suplente a filha de José Wellington, Marta Costa (PSD).
Aécio sabe que é provável que José Wellington expresse seu apoio ao pastor Everaldo Dias Pereira (PSC) no primeiro turno, a fim de fortalecer o bloco evangélico. No entanto, o ex-governador de Minas Gerais pode estar de olho no apoio da denominação para um eventual segundo turno, quando o apoio dos evangélicos poderá fazer a diferença.
Marina e Eduardo
Embora Marina não goste da mistura da política com a religião, os partidários da campanha dialogam com igrejas evangélicas de todo o país. A própria Marina se encarregou de apresentar Eduardo Campos a um grupo de mais de dois mil pastores assembleianos recentemente.
No evento, Campos – que é católico – falou de seu programa de governo e deixou clara a participação efetiva de Marina em caso de uma vitória, como forma de criar “maior identidade” com os evangélicos.
Pastor Everaldo
O candidato pelo PSC é o que mais conta com a simpatia dos líderes evangélicos, por falar abertamente contra o aborto e o casamento gay, por exemplo.
Líderes assembleianos como Silas Malafaia, Marco Feliciano, bispo Manoel Rodrigues e até o senador Magno Malta, que pretendia concorrer à presidência defendendo a redução da maioridade penal, declararam apoio ao pastor.
“Everaldo tem potencial para crescer, pode até chegar a um patamar similar ao de Heloísa Helena em 2006, com 6,85% dos votos válidos, mas duvido que vá muito além disso”, afirmou o cientista político Claudio Couto, da Fundação Getulio Vargas, em entrevista à revista Carta Capital.
Já os entusiastas da campanha de Everaldo, como o pastor Silas Malafaia e os integrantes da bancada evangélica discordam dessa tese, e apostam que o candidato do PSC conquiste até 10% dos votos válidos no primeiro turno.