2015 foi um ano intenso no meio cristão nacional e internacional, com escândalos sociais, políticos e eclesiásticos, mas também bons exemplos, como o da chanceler alemã Angela Merkel, cristã, que foi apontada como personalidade do ano.
Na nossa retrospectiva, relembraremos os fatos mais marcantes – embora nem sempre inspiradores – que marcaram nosso cotidiano ao longo do ano. Confira!
Thalles
O cantor Thalles Roberto causou rebuliço nas redes sociais por causa de declarações sobre ser mais rico e melhor cantor que todos os outros artistas gospel juntos, além de afirmar que deixaria de se apresentar no meio evangélico, pois Deus o havia instruído a tocar no mercado secular para levar a mensagem do Evangelho aos que não a conhecem. A repercussão enorme de suas declarações não foi bem recebida por diversos colegas cantores, que o criticaram de volta. Constrangido, Thalles se retratou e pediu perdão, explicando suas motivações.
Gays na Hillsong
Um casal gay colocou a Igreja Hillsong no olho do furacão esse ano, por atuarem como ministros de louvor na filial de Nova York e alegarem que sua condição era conhecida pelos líderes da denominação.
Josh Canfield e Reed Kelly argumentaram que sempre foram sinceros sobre seu relacionamento com os líderes da congregação: “Temos sido abertos e francos sobre o nosso relacionamento desde o início”, disse a dupla.
No ápice da polêmica, o pastor fundador da Hillsong na Austrália, Brian Houston, precisou emitir uma nota oficial sobre o assunto, negando que a igreja apoiasse o casamento gay, e alertando que a dupla já não participava mais do ministério de louvor em Nova York.
Beijo gay na Globo
O ano começou com mais um boicote dos evangélicos à TV Globo por causa da cena, no primeiro capítulo da novela Babilônia, em que duas lésbicas se beijaram. A grita foi tão ampla que o folhetim não emplacou, sofreu com baixas audiências e teve sua duração encurtada.
No meio do embate, a emissora decidiu que não iria mais fazer apologia ao ateísmo na novela, além de cortar cenas de prostituição e novos beijos entre homossexuais. Isso não foi suficiente para recuperar a audiência de Babilônia, e, numa espécie de revanche, os autores explodiram o templo de uma igreja que aparecia em alguns momentos e fizeram uma overdose de beijos gay no último capítulo.
Inconsequentes, o trio de escritores da novela não imaginava que a rejeição causada por eles prejudicaria a sucessora A Regra do Jogo e alavancaria a audiência da primeira “novela bíblica” da principal concorrente.
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Os Dez Mandamentos
A TV Record investiu pesado em seu projeto de contar a história do povo hebreu em fuga do Egito. Contratou dezenas de atores, investiu aproximadamente R$ 105 milhões em produção, com efeitos especiais, filmagens em locações no exterior e construção de cenários no RecNov, no Rio de Janeiro.
O retorno, com uma mãozinha da Globo – que provocou a ira dos evangélicos – foi positivo: a emissora do bispo Edir Macedo assumiu o segundo lugar isolado na audiência e, em alguns momentos, superou a vênus platinada, alcançado o topo do Ibope.
O sucesso de Os Dez Mandamentos foi tão grande que a Record Filmes decidiu levar a novela para o cinema, apresentando uma versão enxuta da história de Moisés, o êxodo e a entrega das tábuas da lei. Quando o longa-metragem estrear, em março, a ideia é superar a maior bilheteria de um filme nacional, “Tropa de Elite 2”, e fazer um esquenta para a segunda temporada da novela.
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Malafaia x Boechat
O pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) se envolveu num bate-boca público com o jornalista Ricardo Boechat, apresentador do Jornal da Band e âncora da rádio BandNews FM.
A discussão começou na repercussão do caso de agressão a uma menina candomblecista no Rio de Janeiro, que supostamente teria sido feita por um grupo de evangélicos. Embora nunca tenha ficado provado, o caso foi tratado por Boechat – e por toda a mídia – como intolerância religiosa de evangélicos.
Em seu programa matinal na BandNews, Boechat disse que “no âmbito de igrejas neopentecostais estão acontecendo atos de incitação à intolerância religiosa”. O pastor Silas Malafaia, através de seu Twitter, respondeu às afirmações do jornalista dizendo que “falar asneira no programa de rádio sozinho, é mole”, e acrescentou: “Deixa de ser falastrão”.
Como o rádio é um meio muito ágil, permitiu a Boechat o acesso instantâneo à crítica de Malafaia e uma resposta intempestiva, sugerindo ao pastor que fosse se ocupar com outra coisa: “Malafaia, vai procurar uma r… Você é um idiota, um paspalhão, pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia […] Você gosta muito é de palanque, mas não vou te dar porque tu é um otário, um paspalhão”, disse o jornalista, ao vivo.
Parada da ofensa gay
Um travesti acreditou que seu protesto, fantasiado de Jesus pregado na cruz, ficaria restrito às poucas horas da Parada Gay em São Paulo. No entanto, a repercussão do caso foi instantânea, maciça e até virulenta.
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) compartilhou fotos do protesto nas redes sociais, o que levou milhares de cristãos – evangélicos e católicos – a se mobilizarem, e de certa forma, hostilizarem.
Diante disso, o transexual Viviany Beleboni moveu um processo contra o pastor, pedindo uma indenização por danos morais por causa das postagens. A advogada do transexual, Cristiane Leandro de Novais, chegou a pedir uma liminar para que o material compartilhado pelo deputado fosse retirado de circulação.
No entanto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o arquivamento da representação contra Feliciano, por incitação à homofobia.
Estado Islâmico
Em 2015, o grupo terrorista formado por extremistas muçulmanos conseguiu manter as atenções do mundo sobre si. Em janeiro, a execução de 21 cristãos coptas na Líbia chocou o planeta.
Reiterando as promessas de perseguição a cristãos e judeus e perpetrando atentados terroristas diversos – sendo o principal deles em Paris, capital da França, matando 128 pessoas em ações coordenadas e fracionadas – o Estado Islâmico voltou à carga, fazendo novas promessas de perseguição e morte aos “infiéis”, incluindo o papa Francisco, que seria decapitado em plena Praça de São Pedro, no Vaticano, após a invasão de Roma.
Tanta propaganda terrorista levou um casal a planejar e executar, por conta própria, um atentado em solo norte-americano, matando 14 pessoas e deixando outras 17 feridas. Como resultado prático das ações do Estado Islâmico, muitos evangélicos passaram a ver as práticas religiosas dos muçulmanos como sinal do fim dos tempos.
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Refugiados
A crise dos refugiados, que imigram à Europa aos milhares diariamente, ofereceu à primeira-ministra alemã o protagonismo na recepção a essas pessoas, que em muitos casos, estavam em fuga do Estado Islâmico na Síria e Iraque.
Angela Merkel, que é filha de um pastor, não titubeou em dizer que a Europa precisa se voltar a Deus e reconquistar o hábito de ler e estudar a Bíblia Sagrada para superar crises.
Sua postura diante do que muitos especialistas definiram como “caos” a levou a ser apontada pela revista Forbes como a segunda pessoa mais poderosa do mundo, atrás apenas do presidente russo Vladimir Putin.
Já a revista TIME a colocou como “personalidade do ano”, devido à sua atuação durante a crise imigratória, quando pediu “mais de seu próprio país do que a maioria dos políticos faria” e por “ter ficado firme contra a tirania […] fornecendo firme liderança moral em um mundo em que isso está em falta”.
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Eduardo Cunha
O deputado fluminense, integrante da bancada evangélica, começou o ano empolgando os colegas e pastores que acompanhavam seu trabalho, ao ser eleito presidente da Câmara dos Deputados. O pastor Silas Malafaia foi às redes sociais comemorar a vitória.
No início, recebeu elogios por se posicionar contra a legalização do aborto e retomar um projeto que visa proibir a adoção de crianças por casais homossexuais.
No entanto, com o desenrolar das investigações do petrolão, Cunha foi acusado de receber propinas através de uma filial da Assembleia de Deus Ministério de Madureira.
As acusações contra ele o fizeram ir à CPI que investigava a Petrobras e declarar que não possuía contas no exterior, fato que posteriormente foi comprovado através da revelação de documentos.
O parlamentar chegou ao final de 2015 enfrentando um processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara e sendo o centro da fase Catilinárias da Operação Lava-Jato, quando teve computadores, tablets e smartphones apreendidos pela Polícia Federal.
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Impeachment
Os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) foram quase todos recusados, até que Cunha aceitou um, formulado por três juristas, que acusa a mandatária de desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A aceitação do pedido causou furor na base governista, e fez a sociedade se manifestar favoravelmente à remoção de Dilma do cargo.
O processo, no entanto, chega ao final de 2015 com seu andamento suspenso, devido às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender todas as decisões ritualísticas tomadas por Cunha até o momento, determinando que o processo seja reiniciado seguindo diretrizes específicas.